Estudantes de Psicologia apresentam trabalhos em evento ciectífico

Postado por: BRUNNA DE OLIVEIRA FREITAS

Dois acadêmicos do curso de Psicologia do Campus de Paranaíba, Jhonathan Saldanha e Arissa Shioya, tiveram seus trabalhos aprovados no 1° Seminário Nacional de Experiências na Educação Interprofissional, promovido pelo PET-Saúde do Campus de Três Lagoas. As pesquisas foram desenvolvidas no período de estágio supervisionado pela professora Silvia Bonassi.

O trabalho de Jhonathan Saldanha teve como objetivo caracterizar os vínculos familiares homoafetivos, identificar a percepção desta clientela no atendimento recebido no Sistema Único de Saúde (SUS) para si e/ou para sua família e explorar a percepção da equipe multiprofissional do SUS na prestação de seus serviços na cidade de Paranaíba, MS. Uma pesquisa qualitativa que segue a perspectiva psicanalítica.

Para o estudante é de extrema importância que se discuta e reconheça essas configurações familiares que não se encaixam no padrão heteronormativo de família. “O SUS é para todos, e toda a rede deve ter conhecimento dessas configurações familiares, pois essas pessoas também estarão no SUS e vão precisar de atendimento especializado com as suas especificidades. Portanto, é necessário que os profissionais que atuam na rede tenham conhecimento dessas famílias, para que o atendimento realmente seja integral, com qualidade e que atendam a demanda desses sujeitos”, explica Jhonathan.

Os dados encontrados mostraram que os profissionais não conhecem as necessidades desse grupo e nem mesmo a Política Nacional de Saúde Integral da população LGBT. Diante disso, Jhonathan decidiu dar continuidade à pesquisa em seu trabalho de conclusão de curso. “O objetivo é realizar uma formação continuada com os profissionais da rede do SUS em Paranaíba para que haja conhecimento das políticas públicas e das influencias históricas, culturais e sociais na determinação do processo de saúde e doença, para que os profissionais estejam minimamente qualificados para atender e oferecer seus serviços”, diz ele.

Arissa Shioya também desenvolveu sua pesquisa com a população LGBTQI+, mas com indivíduos que se encontram privados de sua liberdade em uma penitenciária masculina na costa leste de Mato Grosso do Sul. O objetivo do estudo foi caracterizar esses sujeitos, bem como identificar possíveis determinantes e reflexos do sistema prisional sobre a integridade da saúde e do psiquismo do apenado LGBTQI+, além das suas vulnerabilidades de direitos dentro e fora do cárcere.

“Poder trabalhar nesses espaços agrega uma nova dimensão. A teoria é importantíssima para sabermos como e o que fazer, mas estar ali na frente de alguém ouvindo os seus relatos silenciados há tanto tempo, só me mostra o quanto ainda temos que fazer e contribuir durante e após a graduação”, diz Arissa.

Assim como Jhonathan, Arissa identificou diversas dificuldades enfrentadas por essa população em relação ao acesso à saúde. Os participantes da pesquisa relataram não ter acesso ao médico e ao psicólogo, falta medicamentos básicos e distribuição limitada de preservativos, além de diversas outras dificuldades apontadas na pesquisa de Arissa.

Para a professora orientadora Silvia Bonassi, ambos os trabalhos trazem para a comunidade e para a rede de políticas públicas de assistência e atendimento, a percepção real das pessoas LGBT+, isto é, sobre sua ótica, como é atendimento e o tratamento recebido. A docente explica que mesmo que os dois trabalhos sejam realizados com a população LGBTQ+ existem as diferenças. “De um lado está aquele que se encontra na ponta da marginalização, completamente segregado e o outro ainda está usufruindo de seus direitos, constituindo família e buscando o respeito da comunidade”, aponta Silvia.

Silvia e os alunos afirmam ser de extrema importância mostrar esses trabalhos para outras pessoas, já que podem influenciar novas pesquisas, além de mostrar aquilo que está sendo realizado pelos alunos. “Entendemos que é fundamental promover na comunidade universitária o conhecimento científico gerado em práticas recentes. O período de pandemia nos levou ao ensino remoto, mas através das ferramentas digitais mantemos a universidade gerando pesquisa”, diz a professora.

“É importante apresentar nossos trabalhos em eventos científicos nesse período, ainda mais em um momento de tanta circulação de fake news, e movimento contra a ciência. Estamos apontando o relevante papel das universidades públicas e das ciências humanas no país. Além de instigar, nem que seja minimamente, indivíduos e pesquisadores a olharem criticamente para esses espaços e corpos tão negligenciados no Brasil”, completa Arissa.

Abaixo você confere as apresentações dos alunos:

População LGTQI+: vivências no cárcere

Vínculo familiar homoafetivo na rede de saúde pública

Brunna Oliveira – Estagiária da Agecom no CPar.